
A crise das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) tem produzido efeitos directos e gravemente lesivos sobre a sustentabilidade da empresa Aeroportos de Moçambique (AdM). Responsável por mais de 40% das suas receitas, a LAM tornou-se um factor de instabilidade para a AdM, acumulando dívidas em mora que, em 2023, ultrapassavam os 4,8 mil milhões de MT — dos quais 2,6 mil milhões já foram considerados irrecuperáveis.
Paralelamente, a situação operacional e financeira da AdM é profundamente angustiante. Até ao final de 2023, a empresa apresentava capitais próprios negativos no valor de 1,2 mil milhões de MT e prejuízos acumulados superiores a 18 mil milhões de MT, configurando um quadro inequívoco de falência técnica. A esta fragilidade somam-se os onerosos investimentos em infraestruturas aeroportuárias não rentáveis, como o Aeroporto Internacional de Nacala e o Aeroporto Filipe Jacinto Nyusi, que têm gerado, de forma sistemática, perdas operacionais significativas para a empresa. O elevado nível de endividamento, aliado à incapacidade de gerar resultados líquidos positivos, implica que o Estado poderá ser chamado a assumir as dívidas da empresa cobertas por Garantias Soberanas e Cartas de Conforto, as quais ascendem a 10,5 mil milhões de MT.
A inversão desta trajetória exige uma reestruturação urgente e estrutural do modelo de negócios da AdM, centrada na diversificação efectiva das fontes de receita e na eliminação progressiva da dependência da LAM. A liberalização do espaço aéreo nacional, com atracção de novos operadores — nacionais e estrangeiros —, impõe-se como prioridade estratégica para a sustentabilidade operacional e financeira da empresa.
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