A entrada em funcionamento do projecto Coral Sul FLNG é carregado de expectativas de melhorias, não só directamente pela captação de mais receitas para o Estado, mas também, indirectamente, pelo possível envolvimento do empresariado nacional na cadeia de fornecimento de bens e serviços para o projecto e para as suas subcontratadas o que pode impulsionar a diversificação da base produtiva promovendo um maior desenvolvimento económico.
Pela experiência dos mais de 17 anos da empresa SASOL na província de Inhambane e de outros megaprojectos, a probabilidade do projecto Coral Sul gerar mudanças significativas na vida das populações e contribuir significativamente para a diversificação económica através do conteúdo local é bastante reduzida. A instalação de um hotel flutuante para servir o projecto, sem explicações públicas sobre a racionalidade desta escolha em detrimento dos hotéis locais, e também a falta de informações sobre como será a cadeia de fornecimento de bens e serviços básicos ao hotel, é um indício de exclusão do conteúdo local.
Considerando que, com os recentes pronunciamentos do Presidente da República, segundo os quais, uma Lei de Conteúdo Local é insustentável, ficou claro o porquê da proposta de lei não avançar desde que foi submetida ao Conselho de Ministros.
Neste âmbito, é de se recomendar à Assembleia da República, representante e garante dos direitos dos moçambicanos, que lidere as discussões públicas para aprovação de uma Lei do Conteúdo Local.